TARDE DE MAIS

          Sim, de Mais uma reflexão. Numa dessas tardes de inverno, de julho de 1959, eu me achava, como tantos outros transeuntes, em pleno Viaduto do Chá, com destino ao centro de S.Paulo-Capital. 

        Enquanto andava de passos largos, passei a contemplar elevado número de pessoas andando de um lado para outro com diferentes gesticulações e passos apressados. Algumas de olhos fixos à distâncias, bem vestidas e alegres. Outras, nem tanto e tristes. Muitas de faces descaídas, como que balbuciando algumas palavras não inteligíveis.                       Em meio a tudo isto, alguém oferecendo sua mercadoria, com a qual esperava faturar alguns mirrados reais para o pão de cada dia, que ainda esperava poder comer. Outros, conduzindo pela frente e pelas costas, cartazes com diferente dizeres e cores, oferecendo serviços e produtos diversos.

     Em alguns instantes mais, mulheres, crianças e homens mal vestidos, sujos, sem lenços, sem documentos, tentando ingerir algum surrado pedaço de pão encontrado num saco de lixo nas imediações. A vida tem disto.

     Centenas de milhares de pessoas eu pude contemplar em alguns instantes vivendo nos entre choques das ruas, cada um com seus problemas. Suas ansiedades, em busca de um bem estar, de uma roupa, incerta, em devaneio.    

     Logo, um tênue raio solar começou projetar-se sobre todos, e, como resposta ao bem chegado raio solar, alguém começa a afrouxar seu paletó, sua blusa, e balbucia algumas palavras:  “Meu Deus! Onde estamos? Para onde vamos; Com quem estamos?!”

           Como eu fiz, talvez você também possa fazer alguma crônica de belo lugar recente por onde você tenha andado. Sempre é tempo.

   Esta tarde de domingo, (27/08/23)  é mais uma.  

                                       Até a  Próxima :                   MPBrito – 25/08/23