Nas águas do meu avô





Parte II

Ele estava morrendo, o mar marejando
As águas secando.
Ele não; Ele não; Ele é tão bom.
Tá tão cedo.
O amor sobressaltava galopante em mim.
Ele não. Eu o amava tanto.
Possuía, oculto em si, o indizível.
Mesmo nos dias mais
frios e secos.
De poucas águas em março, 
tinha palavras pra tudo. Alfabetizou o mundo.
Ele queria que me descobrisse
Sozinha
Não fantasiada pelos contos
Era preciso desafiar a história, o opressor desumaniza as vítimas antes de matá-las.
pronunciava com tanta força, demasia que suas palavras ressoavam fortes
no oceano como tambores nos navios negreiros, 
despertando pensamentos algemados pela imposição dos maus
Continue, continue até que toda a história seja recontada pelas letras dos bons.
Eu navegava sem medo
Ele apaziguava minhas águas.
Vovô teria adorado navegar com Martin Luther King Jr.
Ele sabia quem era bom.
Ele era sábio. Em grande parte autodidata, 
Em pouco tempo aprendeu as letras.
Capaz de altos voos como um intelectual, 
Era preto
não filósofo do ocidente.
Bênção pra preto
Incógnita pra branco
Restava o sonho
Falava das Mentiras ensinadas como verdades.
Ensine um preto a ler, nada poderá detê-lo, 
Vovô sorria alto, 
mergulhando nas profundezas da liberdade.




Comentários

  1. E segue o texto nos trazendo à memoria ensinamentos basilares de respeito e valor ao ser humano.

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