O SINO
QUE NÃO SOOU
Conta-se de um jovem soldado, que por algum
mal proceder foi condenado à morte, triste morte. A execução seria irrevogável
e para ele, com tantos planos para o futuro, tristeza, muita tristeza. Assoma a
isto o amor devotado a uma linda jovem, com a qual pretendia se casar.
A jovem correspondia a seu amor e
empregara todo esforço para livrar seu amado noivo, valendo-se inclusive, de
recursos na justiça e com o próprio presidente. De nada, porém, valia seus
esforços. A execução seria feita após soar do sino da cidade, ao cair da tarde.
Ela tentou oferecer seus poucos recursos financeiros ao idoso sineiro, para que
não fizesse repicar o sino. O sineiro não quis atender. Condenado à forca,
morria!
Aproximou-se o dia e a hora da
execução, com grande expectativa. O pessoal da “Lei” pegou o prisioneiro e o levou
para o local de execução, aguardando apenas o ressoar do sino, pela tarde e ao
pôr do Sol.
Para o espanto de todos o sino não tocou.
Apenas uma pessoa sabia a razão do porquê não. A jovem, tomada de emoções,
apenas ela sabia as razões daquele milagre, para ela grande milagre! Sabendo da
terrível sentença que estava reservada para seu amado, sem ser vista no
campanário, ela subiu de degrau a degrau e se posicionou firme entre os
caracóis da ferragem e agarrou o badalo do sino.
O sineiro, de seu posto estava pronto
para o momento fatal e dali lançou seu pesado peso sobre a corda do sino,
enquanto sua mão se movia de um lado para outro, sem que o sino tocasse. A
corajosa moça havia agarrado bem firme o badalo e não permitiu que esse desse
sinal algum, por mais esforços tivesse feito o sineiro. Findo o tempo, este gordo,
idoso e surdo desceu de seu posto e se foi.
Houve alvoroço. Cada qual queria saber o
porquê de o sino não ter soado.
Enquanto isto a moça cansada, com as mãos e os braços feridos, quase já
sem forças desceu daquelas engrenagens todas. Bem ferida, dirige-se ao
Presidente, já disposto a mandar investigar o acontecido, e lhe conta tudo como
aconteceu.
Ela
mantinha esperança e não mais ansiedade após lhe ter contado o drama vivido.
Prostrou-se aos pés do Presidente e ele... com seu coração movido, disse-lhe: “Vai,
teu amado vive e não haverá repique do sino esta noite”.
Podemos por desventura imaginar a alegria daquela
moça pelo livramento de seu amado, da terrível execução?!
O
amor é sublimidade de Deus a quem o busca. Quantas mães, quantos pais, filhos,
filhas, esposas e esposas não se entregam pelos seus pares em horas tão dramáticas
quanto essas vividas pela moça referidas?!
Amor é veio, é guarda pelo qual e pela
qual passa a sublimidade da paz e da esperança, produzindo alegria e certeza de
que quem dele precisa, sempre encontrará seu amparo seguro.
De há muito o Sino
deixou de ser instrumento de muitos piques e repiques, pela manhã, ao meio dia,
à tarde e à noite, à hora de apagar as luzes e dormir. Hoje ele trocou seus
repiques pelo Silêncio em benefício do silêncio da coletividade. No silêncio da
noite ou no alvorecer dia o amor é sempre um veio de luz, paz, alegria e
esperança.
Sejamos amorosos. – Até a Próxima. MPBrito – 11/02/22.
Leitura com pacência e devagar ,saboreando as palavras e seus significados,que bons ensinamentos!
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