A  PORTEIRA  DO  BRÁS    (nº 23)

  

          A maioria de amigos e amigas conhece, certamente, um conjunto de vagões puxados por uma locomotiva, chamado Trem, pois bem. O Trem já foi na Capital de S. Paulo, o principal meio de transportes de cargas e de pessoas de longa extensão, de 1ª e de 2ª classes.

       Todos se recordam de que as vias pelas quais os Trens andam são de acesso restrito a eles. Seus pontos de parada são revestidos de cuidados contra possíveis desastres, de preferência por porteiras que abrem e fecham para que o Trem passe. Nesse abre e feche muita gente se junta, querendo atravessar longo de um lugar para outro, não respeitando os sinais de parada, nem tão pouco o apito do Trem que se aproxima.        

       A Porteira do Brás situava numa região de muito movimento de pessoas que chegavam e saiam de Estados do Nordeste e de Municípios de São Paulo. Essa Porteira ficava próxima à Estação do Brás por onde transitavam diariamente multidões e mais multidões pessoas. Por ali passava todos os dias o irmão Cícero Batista dos Santos, pessoa forte e corpulento que se alegrava pela saúde que tinha, sem nunca ter ido ao médico. Cruzar a Porteira do Brás duas vezes ao dia era rotina.

       Em certo dia, de retorno do serviço, com a Porteira sinalizando para fechar, em meio à grande multidão ele se apressa e da pesada trombada com outro senhor também bem forte. Resultado: cada um é jogado ao chão e ele expele uma porção de sangue pela boca. Tonteando, levanta-se vai para sua casa e desta para o médico. Não mais pode retornar às suas atividades, agora com frequências constantes a médicos e hospitais, vindo a falecer dessa forte batida.

       Ele era bom cristão, amigo de todos. Enquanto vivo eu, juntamente com outros irmãos tivemos a felicidade de com ele passarmos pelas águas batismais no dia 31 de janeiro de 1954. A Porteira do Brás foi famosa pelo número de pessoas que por lá transitavam. Algum tempo depois ali foi construído um viaduto que, em lugar da Porteira ganhou fama, estampado em poesias e alegres cânticos de uso popular por longo tempo. Vejamos parte dessas peças:

  Adeus, adeus, Porteira do Brás; Já vai embora e já vai tarde demais...      Adeus, adeus, Porteira do Brás; Já vai embora e já vai tarde demais... (Já vai)

(Bis) – Salve a Penha, Água Rasa; Tatuapé e Belém; Salve a Vila Maria; E Quarta Parada, também; Em lugar da tal Porteira, Um Viaduto se ergueu; Adeus Porteira do Brás; Já vai tarde pro museu... (Já vai) (Autor desconhecido). 

                                        Até a Próxima                              MPBrito  -- 19/03/21                   

Comentários

  1. Ao ler suas histórias parece que estou assistindo a um filme. O bom dessa é saber que conhecerei o irmão Cícero no céu.

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